terça-feira, 24 de abril de 2012

Irreal...


Ela pensou que podia ser pra sempre. Porque ele era tudo que ela podia sonhar em alguém. Só tinha um defeito, não era real. Isso mesmo! Ele foi uma ilusão criada pela sua fértil imaginação. Mas parecia tão real. Ela lembra perfeitamente do toque da sua mão, do gosto da sua boca e do cheiro do seu corpo. Ela lembra do seu sorriso. O sorriso mais lindo que tinha visto e dos seus olhos. Mas ela lembra mesmo é do seu olhar, ela perdia o folego quando ele a olhava. Ela lembra também das declarações de amor, das músicas, da voz... principalmente da voz. “Bom demais pra ser verdade”, o clichê mais real que ela já ouviu falar. Às vezes ela acha que não tem direito de ser feliz. Por que ele não podia ficar perto dela, nem ser dela, nem ser com ela? Ela não quer muito. Apesar das pessoas dizerem que ela é exigente, ela só quer ser feliz. E ela acha que era ele quem iria fazê-la feliz. E mais, ela acha que ela podia fazê-lo feliz... Ela queria uma casa com janelas e cortinas brancas, um mensageiro do vento de bambu com barulho de água caindo, um jardim bem florido, um filtro dos sonhos pra filtrar os mais lindos pra eles dois, um cachorro branco, um gato preto e um peixe bem colorido. Ela queria uma rede na varanda e queria filhos lindos correndo ali. Mas ela queria ele! Ela queria ele mais do que tudo isso. Porque nada tinha sentido sem ele, nada tinha cor nem cheiro sem ele. Ela queria ele pra ver filme até tarde agarradinha, pra brincar com as crianças no jardim, pra colocar elas pra dormir junto com ele, pra cozinhar juntos no domingo, pra passear de mãos dadas na praia, pra dormir de conchinha, pra chorar no seu peito, pra ter o seu beijo todos os dias antes de dormir e ao acordar, pra ver ele ensinando a tarefa das criança com toda paciência do mundo, até pra jogar vídeo game junto com ele. Será que ela queria muito? Ela acha tudo tão simples. Mas de fato, não é tão simples. Porque ele se foi como fumaça. E agora ele simplesmente não existe, não estava ali, nunca esteve ali. Ela pensou que sim, que ele podia ser dela, mas não era real. Ele mora só dentro dela. Isso sim era verdade, mas não era suficiente. E ela ao descobrir que não morava dentro dele, não tem vontade mais de ser feliz. Ela fingiu-se de forte por um instante e disse que seria feliz sem ele. Que tinha planos. Que planos? Seus planos agora já não faziam mais sentido. Porque nada fazia mais sentido... e hoje ela não tem planos, desejos, ela só tem lágrimas e um aperto no peito que não vai embora. Ela precisa de ar, mas, mais do que isso, ela precisa dele.

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