Eu me chamo Denise Miranda, sou Assistente Social,
Educadora, Professora, Militante do SUS, Militante do Partido Socialista Brasileiro. Sou
defensora intrépida da justiça social e da liberdade. Abomino a apatia e suas
consequências. Sou uma escorpiana torta, repleta de intensidade e
sensibilidade. Misteriosa por natureza. Eu olho nos olhos, leio poesia e choro,
assisto filme até tarde, ouço o horário político no rádio bem cedinho, escrevo
horas e horas e depois jogo tudo fora, brigo pelos meus princípios de forma
aguerrida, defendo os meus com braços de mãe. Sou filha do carnaval e
descendente de Dionísio. Tenho olhar crítico e analítico. Tenho risada de
criança e expressão de seriedade. Tenho um desejo profundo de ver a alma das
coisas, não simplesmente às coisas como elas “são”; a alma das pessoas, não
apenas as pessoas como elas pretendem se mostrar. Desejo ser inteiramente e
fortemente aguda, penetrante e profunda. Desejo enxergar além do que a visão
comum é capaz, captar o extremo, o disfarce, a máscara. Sem análises personificadas
e superficiais. Quero descobrir e aprender cada dia mais. Eu vivo para saber
quem é o outro. E mais: quem eu sou. Cada dia me descubro diferente de antes. A
busca do compreender de si é tarefa interessante e desafiadora. É uma
descoberta que passa o tempo todo pela experiência do ser e estar no mundo. Eu
sou e me descubro ainda mais no que faço. Faço e me descubro ainda mais no que
sou. Partes que se complementam, partes que me completam. Amo o que faço e, o
que sou ontem é pouco pra mim hoje. Eu quero sempre mais! Acima de tudo, sou um
ser sedento, um esboço imperfeito e muitas vezes confuso de uma perfeição
inacabada. Eu me experimento inacabada. Da poesia, o rascunho. Do gesto, a
intensão. Sou como o rio em processo de vir a ser. O rio é a mistura de
pequenos encontros, de confluências de outras águas. Horas me vejo como os
outros dizem achar de mim, como se assim estivesse a ler uma manchete de jornal
ou um blog de internet a meu respeito, confidenciado pelas impressões destes
diversos autores que me rodeiam. Outras horas me vejo diante do espelho na
tentativa de buscar nuances ainda desconhecidas. Enxergando qualidades e
defeitos, olhares e sentidos. Talvez isso tudo não seja eu, na minha essência.
Mas, sem dúvida é descoberta, nem que seja para confirmar o que não sou. E como
é saboroso esse inevitável destino de sermos humanos necessitados de
estabelecer vínculos, cruzar olhares, estender mãos, encurtar distâncias. Nem
que seja entre nós e nós mesmos. E, nessa “highway” , que a gente não
sabe exatamente onde vai parar, não quero e nem posso aferir a mim mesma
reduções simplistas, frases apresentadas que não busquem transcendências,
metáforas de almas de “botequim”, que se aprisionam na imanência tortuosa do
cruel cotidiano. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Um dia sou multidão, no outro sou solidão. E é nesse
equilíbrio, de ser uma metamorfose, que vou desvelando o que sou e o que ainda
devo ser, o que quero e para onde eu vou, pela força do desejo do
aprimoramento. A realidade ainda é base sólida do ser. E eu amo a vida. Sei sim
o que eu quero e mais ainda, o que eu não quero. E eu quero, sempre ir além! Ir
além, aliás, é o conceito que desejo carregar para o resto da vida que a mim
foi concedida. A dor que sentimos com as transformações que precisamos enfrentar,
sem escolha, em nossa vida, possue o sublime sentido de nos mergulhar no que há
de mais profundo em nossa alma. Eu busco a intensidade das coisas. Nutrida pela
busca da transformação, almejando, acima de tudo, compreender a vida em seu
sentido mais amplo, livre de todas as análises vãs, retirando todas as máscaras
do cotidiano. E nesse traçar quero desenhar o meu caminho. Planejar, projetar.
Embora ele seja cotidianamente alterado pelas demandas do externo e do
intrínseco a mim. Desejo ir onde os meus olhos não podem ver. Caminhando de
maneira a realizar trocas. Onde eu e o outro tenhamos um saldo positivo no
final da estrada. Quero construir, deixar marcas e mais, quero modificar,
transformar e me transformar. Sabe... um dia sonhei em ser Presidente da
República. Hoje sonho em modificar mentes, conceitos. Transformar princípios de
forma a reafirmar na minha vida e no que acredito as minhas posturas e
atitudes. Efetivar meus designos coletivos e pessoais mais secretos. Quero
seguir o rumo como a chuva. Às vezes causando estragos, outras fazendo brotar
vida nas lavouras mais secas. Enchendo os rios e as represas das almas
sedentas. Quero correr o mundo inteiro, transformando, gerando vida. O que eu
sou? Autêntica. O que eu quero? Ultrapassar. Para onde eu vou? Para todo lugar.