domingo, 18 de novembro de 2012

Desassossego





Poderia haver trilha sonora e tudo...
Como algo que surgiu sem ter nem pra quê, sem pretensão ou decisão, que talvez nem exista na sua forma mais concreta, pode impulsionar tal força dentro e fora de mim? E depois de entrar nos teus olhos (especialmente neles), na tua boca, no teu corpo, ser tomada pela imensidão do querer, ainda conseguir crescer e se firmar? É esse teu gosto que me faz falta. Sempre me faz falta! Uns açúcares e sais e qualquer coisa de alcóolica que me embriaga e vem da tua boca na minha. Tomando-me numa psicose frenética... E também me faz falta o teu cheiro e teu suor invadindo minha pele. Mas é no teu olhar, dentro, pupila na pupila, que eu fujo, que eu moro e que de repente você foge pra dentro de mim... Não vá agora! Demore-se em mim o tempo que houver, todo tempo que houver. Como se ele, o tempo, fosse outro que não o tempo das horas corridas na vida de sempre. Que me rouba dos seus braços. Como se ele fosse só nosso e o resto, nada. Mas apenas ali. Eu e você. E involuntariamente eu me pego tua. Desejando ser posse. Assustada pela necessidade da tua presença. Aflita de um querer indisfarçável. E como eu tento disfarçar... Ávida. Há uma infinidade de vontades e quereres rondando o meu sossego. Por que tudo é longe e sem tempo? Por que tudo parece tão inalcançável e distante? Queria o querer inundando o calendário, as agendas apertadas, as horas do dia. Respingando nossas bocas misturadas, nossos olhares e mãos entrelaçados. É, sim. Vontade da presença. Querer esse tudo todos os dias, todo o dia. Mesmo repleta de medos, quero querer esse querer com tal força que sem defesa eu fico. Refém do meu desassossego.