Nunca pensei
que esse momento pudesse chegar... o adeus não estava nos meus planos. Nem os
devaneios, nem as agressões verbais, nem os desgastes desnecessários, nem a
vida "antiga" regressada, nem a boemia de outrora. Pensei, sonhei,
desejei, planejei e ousei. Ousei fortemente como poucos fariam em meu lugar.
Como sair do castelo tão sonhado para morar na tapera? Mas era a tapera que me
acolhia, que me esquentava a alma. Era tudo tão sublime. Era tudo tão cheio de
promessas, de juras de amor eterno. Sabe, eu tenho um amigo que diz que só
precisa de quatro coisas na vida pra ser feliz: água, comida, ar e paz.
Concordo com ele. Meu coração não está em paz. Não há culpados, condenados.
Você talvez tenha sido o meu "marco". Marcou o início de uma nova
história pra mim. Cheia de vontade de vida e felicidade. Eu ainda as quero e as
busco incessantemente. Hoje eu me sinto em desarmonia com meu corpo, com meus
pensamentos, com meu coração. Hoje eu me sinto cansada como se tivesse dado
sete voltas ao mundo. E parece que dei mesmo. Você é uma nova pessoa e disso eu
me orgulho. Incrivelmente especial. Talvez a vida, o mundo, os desejos tenham
nos afastado. Sem dúvida os quilômetros não foram os responsáveis. Nos perdemos
em alguma estrada do coração. A reflexão dos erros e acertos nos ajuda a
amadurecer, mas talvez não tenha o poder de nos trazer de volta ao lugar tão
sonhado. A dor é forte mesmo pra quem se vai. Admitir fracasso na luta
pela felicidade e ter coragem de recomeçar, mais uma vez, é sinal de força. Ah,
concordo com o poeta que diz que amor é pra sempre. Não acaba, se modifica, se
transforma. As lembranças e memórias não deixam nada que é verdadeiro morrer.
amei muito, fortemente e amo! Pena que amor é pouco pra construir felicidade.
Isso sim eu descobri e tenho certeza. Harmonia, cumplicidade, compreensão,
desejo de mudança, abnegação, planos comuns, projetos de vida... e tantas
outras necessidades que completam e constroem a tão sonhada felicidade. Eu me
doei completamente. Eu me joguei no abismo. Sem medo e sem reservas. Não há
arrependimentos, remorso ou sensação de "tempo perdido". É
apenas o vazio do "the and". A respiração forte, pesada. O corpo
trêmulo e os olhos cheios, cansados. Por que insistir tanto tempo e esforço na
busca do amor? Porque é ele que nos move, é ele que nos encoraja à vida plena.
A vida é sim cheia de imperfeições e é por isso que precisamos desse sentimento
tão forte, tão propulsor e verdadeiro pra nos impulsionar. Como uma catapulta
que nos leva alto e longe. Naqueles minutos de êxtase éramos um. Eu também fiz
amos com você. Os outros minutos não cuidados, entregues à sorte é que nos
tornaram dois. Não sei ser pela metade, não quero ser sem ser inteira. Duas
vidas, duas pessoas, dois planos. É clichê dizer: "um dia poderemos nos
cruzar"... não desejo que ninguém viva a mercê de outro, nem de um
acontecimento à espera. Mas, se essa afirmativa tiver alguma verdade, que assim
seja então.
quinta-feira, 29 de março de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
À deriva...
Às vezes
penso que vivo noutro mundo. Não quero ser a rosa no cárcere do b-612. Mas também
não quero ser a ave que vive sem rumo e sem prumo. Quero um mundo com chão de
terra, árvores, asfalto, luz, noite. Olhos de águia. Foco, meta! Nesse mundo de
meu deus é tudo muito cheio de outono. Seco, frio. As folhas sonâmbulas caem e
o vento já não acaricia mais meus cabelos. Meu pescoço nu. As lanternas dos
olhos estão turvas. Pra que enxergar? Enxergar o que? Às vezes é melhor seguir
à deriva, tributo da sorte. Vive-se melhor! Esses desfrutam o orvalho desse
outono cinza. Eu estou ocupada! Não tenho tempo pra desfrutar! Cansada! O
relógio que me rege gira rápido demais... mas não tão rápido quanto a minha
vontade de viver, de saber, de contar. Menor o tempo do que minha vontade de ser!
Sou metódica e faço planos até para fazer planos. Mãos clandestinas me
frustram. Desconstroem e desabam meu castelo ainda sem alicerce. Poder! Esse eu
não tenho. Eles sim! A crueldade das impossibilidades me mostram o escuro à
frente. De mãos dadas comigo mesma caminho sei lá pra onde. Mas caminho! Caminho
não: alço voos. Não quero ficar parada vendo o bonde da história passar. Ainda
que seja no escuro da noite, na frieza do outono, sendo desapontada pelas mãos
que remam “coletivamente” para caminhos individuais, obscuros. Eu sei que
existe um barco pintado no horizonte desse mar borrado. E é nele que eu vou
chegar!
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