segunda-feira, 16 de abril de 2012

Seu corpo... meu Cais.




Seu corpo... meu Cais.

Porque o entrelace dos corpos nus, em brasa, misturava-se tanto que não se entendia que corpo era um.
Mãos trêmulas serpenteavam na pele em febre. Os corações em batidas descompassadas. A respiração prenunciava uma melodia em compassos antagonicamente agressivos e ternos.
Era uma mistura de tons e sons. De gostos e aromas. De corpos intumescidos.
Eram paredes molhadas invadidas pelo desejo cru.
Meu. Posse. Força...
Seu delírio, minha entrega. Meu desejo, seu prazer.
A sua pupila não desviava a mira da minha pupila. O resto do corpo se comunicava por si numa cadência de sintonia perfeita. As palavras já não cabiam. A comunicação era da carne e da alma. Era de sabores, odores e sensações.
As temperaturas eram feitas de inferno. E as expectativas de céu. Os desejos sugavam, mordiam, possuíam.
Meu. Só meu...
Era o cais do meu corpo primitivo. E eu seu vulcão, em larvas, pela pele, pela corrente sanguínea.
Mãos indecentes, bocas famintas. Insaciável boca! Língua febril que desafiava meus pudores.
E nenhuma testemunha a não ser aquela lua pálida e muda.
Ali a alma era dilacerada. O corpo era posse, era êxtase. Numa embriaguez inexplicável onde os olhos não se afugentavam. Os corpos e as almas continuavam a ser um só.
Naquele instante que tanto desejou quebrar os relógios e encurtar os calendários. Eram os mares revoltos da vida que estavam por vir que faziam o coração esvair em lágrimas.
E eu, era só uma marinheira sem rumo e sem prumo, involuntariamente seguindo com você dentro de mim.
Os relógios continuavam os mesmos, os calendários a correr na insanidade da vida. E você, sonho que passou, apenas o gosto que ficou no pelo, na pele e no ar que eu respiro.

Um comentário:

  1. Se isso for um delírio...huuum! Nada melhor que a insanidade do desejo, a fúria selvagem do instinto...Amei!!

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