sexta-feira, 23 de março de 2012

À deriva...

Às vezes penso que vivo noutro mundo. Não quero ser a rosa no cárcere do b-612. Mas também não quero ser a ave que vive sem rumo e sem prumo. Quero um mundo com chão de terra, árvores, asfalto, luz, noite. Olhos de águia. Foco, meta! Nesse mundo de meu deus é tudo muito cheio de outono. Seco, frio. As folhas sonâmbulas caem e o vento já não acaricia mais meus cabelos. Meu pescoço nu. As lanternas dos olhos estão turvas. Pra que enxergar? Enxergar o que? Às vezes é melhor seguir à deriva, tributo da sorte. Vive-se melhor! Esses desfrutam o orvalho desse outono cinza. Eu estou ocupada! Não tenho tempo pra desfrutar! Cansada! O relógio que me rege gira rápido demais... mas não tão rápido quanto a minha vontade de viver, de saber, de contar. Menor o tempo do que minha vontade de ser! Sou metódica e faço planos até para fazer planos. Mãos clandestinas me frustram. Desconstroem e desabam meu castelo ainda sem alicerce. Poder! Esse eu não tenho. Eles sim! A crueldade das impossibilidades me mostram o escuro à frente. De mãos dadas comigo mesma caminho sei lá pra onde. Mas caminho! Caminho não: alço voos. Não quero ficar parada vendo o bonde da história passar. Ainda que seja no escuro da noite, na frieza do outono, sendo desapontada pelas mãos que remam “coletivamente” para caminhos individuais, obscuros. Eu sei que existe um barco pintado no horizonte desse mar borrado. E é nele que eu vou chegar!

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